Sono e Cérebro: O que acontece quando dormimos?

8/7/20252 min ler

O sono é uma função essencial do corpo humano, tão vital quanto comer, beber e respirar. Durante o sono, o corpo e, especialmente, o cérebro passam por processos complexos e profundamente restauradores. Embora pareçamos inativos, o cérebro permanece extremamente ativo, coordenando uma série de atividades que são fundamentais para a saúde física, mental e emocional.

Fases do sono

O sono não é um estado uniforme. Ele ocorre em ciclos que se repetem ao longo da noite, cada um durando cerca de 90 a 120 minutos. Cada ciclo é composto por quatro fases principais, divididas entre o sono não REM (sem movimento rápido dos olhos) e o sono REM (com movimento rápido dos olhos):

  1. Fase 1 (sono leve): É a transição entre a vigília e o sono. O corpo começa a relaxar, a frequência cardíaca e respiratória diminuem, e os músculos ficam mais frouxos. É fácil acordar nessa fase.

  2. Fase 2 (sono leve profundo): O corpo entra em um estado de relaxamento mais profundo. A temperatura corporal cai, e as ondas cerebrais se tornam mais lentas, com picos ocasionais chamados de "fusos do sono". É aqui que passamos a maior parte do tempo dormindo.

  3. Fase 3 (sono profundo ou de ondas lentas): É a fase mais restauradora do sono. O cérebro produz ondas lentas (delta), e é difícil acordar. Nesta fase, o corpo realiza reparos físicos: tecidos são regenerados, o sistema imunológico é fortalecido e hormônios importantes, como o do crescimento, são liberados.

  4. Fase 4 (sono REM): Cerca de 90 minutos após adormecer, entramos no sono REM. É nessa fase que os sonhos ocorrem com mais intensidade. Apesar da paralisia muscular (que evita que nos movimentemos durante os sonhos), o cérebro mostra uma atividade semelhante à da vigília. O sono REM é crucial para a consolidação da memória, o aprendizado e o processamento emocional.

O que o cérebro faz durante o sono?

Durante a noite, o cérebro realiza tarefas vitais que não podem ser feitas com eficiência durante a vigília:

  • Consolidação da memória: O cérebro "repassa" as experiências do dia, transferindo informações da memória de curto prazo para a de longo prazo. Isso é especialmente importante para o aprendizado e a retenção de novos conhecimentos.

  • Limpeza cerebral: Durante o sono, o sistema glinfático — um sistema de limpeza do cérebro — se torna mais ativo. Ele remove resíduos tóxicos acumulados durante o dia, como a proteína beta-amiloide, associada ao Alzheimer.

  • Regulação emocional: O sono ajuda a modular as emoções. Pessoas que dormem mal tendem a ser mais irritadiças, ansiosas ou deprimidas, pois o cérebro tem dificuldade em regular o estresse e processar eventos emocionais.

  • Reorganização neural: O cérebro fortalece conexões neurais importantes e elimina as que são pouco usadas, um processo chamado de poda sináptica. Isso melhora a eficiência do pensamento e da tomada de decisões.

Consequências da falta de sono

Quando não dormimos o suficiente, o funcionamento do cérebro é severamente afetado. A falta de sono prejudica a concentração, a memória, a criatividade e o raciocínio. A longo prazo, pode aumentar o risco de doenças neurodegenerativas, depressão, ansiedade e problemas cardiovasculares.

Conclusão

Dormir não é apenas um momento de descanso — é um período ativo e essencial de manutenção do cérebro e do corpo. Entender o que acontece durante o sono nos ajuda a valorizar essa função vital e a priorizar uma boa higiene do sono. Dormir bem é, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de cuidar da saúde mental e física.